HISTÓRIA
Civilizações da Grécia Antiga e pré-colombianas registram uma antiga relação com os manguezais. Relatórios do General Nearco, acompanhante de Alexandre, o Grande na conquista da Índia, registram manguezais que datam do ano 325a.C.
Tais relatos contam como o Homem utilizava materiais do ecossistema de manguezal para a obtenção de alimentos, remédios, construção de moradias, utensílios caseiros, artefatos de pesca e de agricultura. Porém, as atividades relacionadas a este ambiente não pararam nas antigas sociedades, alguns costumes são mantidos à maneira antiga por algumas comunidades litorâneas, aborígenes da Austrália e piratas do mar das Filipinas.
A arqueologia registra diversos sambaquis próximos a manguezais, o que prova que há cerca de 7.000 anos a ocupação da região costeira era uma necessidade para a sobrevivência. No norte da Ilha de Santa Catarina são encontrados diversos vestígios destes coletores e pescadores pré-históricos.
Os manguezais têm sua importância registrada desde a época do Brasil colonial. A Ordem Régia, de 04 de dezembro de 1678, dizia: “…estes mangues serão da minha regalia por nascerem em salgado, aonde só chega o mar e navios”. Como evolução histórica, na tentativa de impedir o abuso dos manguezais, a legislação brasileira prevê diversos artigos para sua proteção. Veja mais na página A LEI!
CULTURA
Aqui, consideramos cultura como o conjunto de manifestações sociais, lingüísticas, artísticas e comportamentais de um grupo. Podendo este ser humano ou não.
Manguezais são fonte de inspiração para várias expressões culturais desde antes de 1500 no Brasil.
Os índios residentes no litoral brasileiro, tupi-guaranis, se utilizam dos manguezais para diversas atividades, estabelecendo uma cultura nos locais. Eles pescavam nas regiões, além de coletar moluscos marinhos, como ostras e mexilhões. Também usufruiam da matéria prima do ecossistema, construindo objetos de pedra, barro, madeira e palha.
Atualmente as atividades no entorno deste ambiente, seja em forma artesanal ou industrial, estão inclusas no pacote cultural dos manguezais. Porém, focando nos aspectos artísticos, apesar não haver grande divulgação são diversas as formas de interpretação do ecossistema.
Quadros, esculturas, móveis, músicas, poesias, poemas, desenhos e quadrinhos são facilmente encontrados em diversas regiões do mundo.
No Brasil, a cultura artística em torno dos manguezais é mais facilmente encontrada nas regiões Norte e Nordeste. Um movimento cultural forte é o "manguebeat", que iniciado por Chico Science, traz uma mistura de estilos como representação da diversidade encontrada nos manguezais.
O folclore é enorme e inclui lendas como: "Vovó do mangue", "Pai do mangue", "Boitatá" (ou Biatatã ou Batatão ou João Galafoice ou João Calafoice ou Fogo Fátuo, dependendo da região), "Capelobo", "Capitão do mangue", "As Encantadas", "As Sereias de Lagamar", "Compadre e Comadre", "Curacanga", "Touro Encantado", "Cobra Norato", "Matita Pareira" e "Alamoa".
Vovó do Mangue
A vovó do mangue é considerada um espírito protetor dos manguezais. A personagem guia e cuida dos protetores dos manguezais e prega peças perigosas contra os destruidores. De acordo com o grau dos estragos feitos, a Vovó pode exigir um pedaço de fumo, aguardente em flor e dente de alho para deixar os autores sairem vivos. Mas se o dano for grave, ela os abadona nos manguezais até a morte.
Capelobo
Animal monstruoso, segundo muitos, é a versão indígena do lobisomem. Possui corpo de homem, coberto de pelos, com focinho de anta ou de tamanduá. Ele sai à noite para rondar os lugares e devorar cães e gatos recém-nascidos. O único modo de se matar o monstro, é com um tiro na região do umbigo.
Boitatá
A lenda possui muitas variações. De acordo com as do Norte e Nordeste, o boitatá protege a natureza e vive dentro da água, saindo como uma chama para queimar as pessoas que praticam incêndios nas matas. Ele possui a capacidade de se transformar em um tronco de fogo. Já no Sul do Brasil, o personagem é uma cobra de fogo (ou um fogo fátuo, dependendo do local).
A explicação científica encontrada para o boitatá é que tais aparições de fogo ocorrem espontaneamente em função da queima de gases (principalmente metano) provindos da decomposição de materia orgânica ao entrarem em contato com o oxigênio.
Curacanga
A Curacanga é um mito com algumas variantes no Brasil e no mundo. No Maranhão, toda sétima filha de casal que não tenha filho homem nasce encantada, desde que os pais não tomem precaução de fazê-la batizar imediatamente após o nascimento, pela irmã mais nova. A cabeça da Curacanga desgruda do corpo e sob a forma de bola de fogo voa apavorando os transeuntes. Estabelece-se aqui uma relação de versão feminina da lenda do lobisomem.
Assim como a maioria das lendas relacionadas ao fogo, esta possui relação com a queima de gases originados da decomposição natural nos ambientes.